Ser pastor é uma coisa estranha.
Proclamamos uma mensagem com o poder de Deus para
transformar as pessoas, mas não podemos sequer transformar a nós mesmos.
Chamamos os outros à perfeição, como o fez Jesus, mas nossas vidas são cheias
de imperfeição. Devemos pastorear como o Pastor, embora sejamos simplesmente
uma das ovelhas.
Buscamos fazer com que Cristo cresça (embora ele seja
invisível aos olhos humanos) enquanto buscamos diminuir (embora permaneçamos
estagnados semana após semana). Dizemos que números não importam, mas desejamos
que muitos sejam salvos. Labutamos para que a igreja cresça, embora percebamos
que cada alma aumenta a nossa responsabilidade diante de Deus.
Tentamos expressar o Infinito e Eterno em 45 minutos ou
menos; obviamente falhamos, de forma que tentamos de novo na semana seguinte.
Gastamos nossas vidas estudando um livro que jamais
compreenderemos completamente e lutamos para explicá-lo a um povo que não pode
entender à parte da obra de uma terceira parte. Quanto mais estudamos, mais
certos ficamos da sabedoria de Deus e da nossa tolice; e, todavia, ainda
devemos pregar.
É-nos dito que não muitos deveriam ser mestres e que
haverá um julgamento mais severo para aqueles que o são, e, todavia, não
conseguimos resistir à compulsão de pregar. Chamamos as pessoas a fazer algo
que elas não podem, com uma autoridade que não é nossa, e então no final das
nossas vidas prestamos contas a Deus pelas almas que pastoreamos.
Somos chamados a nos afadigar na palavra de Deus e em
oração; todavia, não há nada a que o nosso inimigo se oponha mais ativamente.
Trabalhamos para edificar uma comunidade onde pessoas sejam unidas, enquanto
ocupamos um ofício cheio de tentações ao isolamento.
Pregamos um evangelho de alegria, mas os pregadores são
pressionados com tentações à depressão.
Devemos pregar com paixão, mas pastorear com paciência.
Devemos ser gentis com as ovelhas e ferozes com os lobos. E devemos de alguma
forma discernir a diferença.
Devemos instar para que as pessoas se arrependam e
creiam, embora sabendo o tempo todo que é Deus quem deve salvar. Rogamos a Deus
em oração até que nossa vontade seja alinhada à dele. Devemos buscar
fervorosamente a presença do Espírito, sabendo muito bem que ele sopra onde
quer.
Devemos lutar com toda a nossa força, mas nunca, jamais
confiar nela. Somos pagos para fazer satisfatoriamente um trabalho que nunca
termina: Quando estudei o suficiente? Quando orei o suficiente? Quando
aconselhei ou fiz mentoria o suficiente? Nós, que nunca terminamos, somos
chamados a levar outros a descansarem na obra consumada/terminada de Jesus.
Por fim, trabalhamos e anelamos por resultados que jamais
podemos alcançar. Ser um pastor é uma jornada permanente a um lugar de absoluta
dependência.
Esse é um trabalho estranho: ser um pastor.
Mas eu não o
trocaria por nada neste mundo!
Por Julian Freeman
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – abril/2012
Fonte: http://julianfreeman.ca/
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