de Max
Lucado
Muitos dos nomes na
Bíblia que se referem ao Senhor são imponentes e augustos: Filho de Deus,
Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, A Ressurreição e a Vida, Estrela da Manhã,
Aquele que Devia Vir, Alfa e Omega.
Essas são frases
que esticam os limites da linguagem humana num esforço para capturar o que é
incapturável, a grandeza de Deus. E por mais que tentem elas nunca satisfazem.
Ouvi-las é quase que ouvir uma banda do Exército de Salvação tocar na esquina o
"Messias" de Handel por ocasião do Natal. Uma boa tentativa, mas não
funciona. A mensagem é majestosa demais para o meio de comunicação.
O mesmo acontece
com a linguagem. A frase "Não há palavras para expressar..." é a
única que pode ser honestamente aplicada a Deus. Nenhum nome lhe faz justiça.
Mas existe um
nome que recorda uma qualidade do Mestre que confundiu e compeliu aqueles que o
conheceram. Ele revela um lado dele que, quando reconhecido, é suficiente para
fazer com que você se prostre.
Ele não é pequeno
nem grande demais. E um nome que se ajusta como o sapato se ajustou ao pé de
Cinderela.
Jesus.
Nos evangelhos é
o seu nome mais comum — usado quase 600 vezes. E era mesmo um nome comum. Jesus
é a forma grega de Josué, Jesua e Jeosua — todos nomes familiares no Velho
Testamento. Houve pelo menos cinco sumo sacerdotes conhecidos como Jesus. Os
escritos do historiador Josefo se referem a cerca de vinte pessoas chamadas
Jesus. O Novo Testamento fala de Jesus, o Justo, amigo de Paulo, e o
feiticeiro de Pafos é chamado Bar-Jesus. Alguns manuscritos dão Jesus como o
primeiro nome de Barrabás. "A quem quereis que eu vos solte, a Jesus
Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?"
Qual é o ponto?
Se Jesus viesse hoje, o seu nome poderia ser João, Beto ou Carlos. Se ele
estivesse aqui hoje, é duvidoso que se distanciasse com um nome elevado como
Reverendo Santo Divindade Angelical III. Não, quando Deus escolheu o nome que
seu filho teria, ele escolheu um nome humano. Preferiu um nome tão típico que
aparecesse duas ou três vezes em qualquer chamada de escola.
"O Verbo se
fez carne", disse João, em outras palavras.
Ele era palpável,
acessível, alcançável. E, mais ainda, ele era comum. Se estivesse aqui hoje
você provavelmente não o notaria quando estivesse em meio a uma multidão
fazendo compras. Ele não faria as cabeças se voltarem por causa das roupas que
usava ou pelas jóias com que se adornava.
"Me chame
apenas de Jesus", quase se podia ouvi-lo dizer.
Ele era o tipo de
pessoa que você convidaria para assistir um jogo de futebol em sua casa. Ele
brincaria no chão com seus filhos, cochilaria no seu sofá, e faria churrascos
em sua grelha. Ele riria das suas piadas e contaria algumas das dele. E quando
você falasse, ele ouviria como se tivesse todo o tempo da eternidade.
Uma coisa é
certa, você o convidaria de novo.
Vale a pena notar
que os que o conheciam melhor se lembravam dele como Jesus. Os títulos, Jesus
Cristo e Senhor Jesus só aparecem seis vezes. Os que andaram com ele, não se
lembravam dele com um título ou designação, mas com um nome — Jesus.
Pense nas
implicações. Quando Deus decidiu revelar-se à humanidade, qual o meio que usou?
Um livro? Não, isso foi secundário. Uma igreja? Não. Isso foi uma conseqüência.
Um código moral? Não. Limitar a revelação de Deus a uma lista fria de
"faça" e "não faça" é tão trágico como olhar para um mapa
rodoviário e dizer que você viu as montanhas.
Quando Deus
decidiu revelar-se, ele fez isso (surpresa das surpresas) através de um corpo
humano. A língua que ressuscitou os mortos era humana. A mão que tocou o
leproso tinha sujeira debaixo das unhas. Os pés sobre os quais a mulher chorou
eram calosos e empoeirados. E suas lágrimas... oh, não se esqueça das
lágrimas... elas vieram de um coração tão quebrantado como o seu ou o meu
jamais o foram.
"Porque não
temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas" (Heb
4:15)
As pessoas se aproximavam
então dele. Puxa, como o procuravam! Elas surgiam à noite; tocavam nele quando
caminhava pelas ruas; seguiam-no até o mar; convidavam-no para suas casas e
colocavam seus filhos aos pés dele. Por quê? Porque ele se recusou a tornar-se
uma estátua numa catedral ou um sacerdote num púlpito elevado. Ele escolheu em
vez disso ser Jesus.
Não há sequer uma
sugestão de alguém que temesse aproximar-se dele. Havia alguns que o
ridicularizavam. Havia outros que o invejavam. Outros ainda que não o compreendiam.
E outros que o reverenciavam. Mas não havia ninguém que o considerasse santo
demais, divino demais, ou celestial demais para ser tocado. Não houve uma
pessoa sequer que relutasse aproximar-se dele com medo de ser rejeitada.
Lembre-se disso.
Lembre-se disso
da próxima vez que ficar surpreso com suas próprias falhas.
Ou da próxima vez
em que acusações ácidas fizerem buracos em sua alma.
Ou da próxima vez
em que olhar para uma catedral fria ou ouvir uma liturgia sem vida.
Lembre-se. É o
homem que cria a distância. É Jesus quem constrói a ponte.
"Me chame
apenas Jesus."
do site hermeneutica.com
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